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Se você já pesquisou algo sobre o Salar de Uyuni, sabe que há duas maneiras de atravessar o deserto, começando por Uyuni na Bolívia ou pelo Atacama no Chile. Aqui vou relatar como foi o nosso passeio partindo de Uyuni.
Fizemos o passeio durante a primeira semana de Abril, ou seja, pouco depois do fim da época de chuvas. Por isso conseguimos pegar boa parte do deserto de sal ainda alagado e espelhado. Note que se você for em épocas de seca, meio de Abril até Dezembro, você não verá o Salar de Uyuni desta forma.
Para saber qual a melhor época para ir ao Salar de Uyuni, leia este post aqui.
O tour foi feito em um jipe 4×4 com mais 4 pessoas, além do motorista e levou 3 dias para completar a travessia.
Durante o passeio, passamos por diversos pontos icônicos da região, visitamos um museu de sal onde pudemos aprender um pouco mais sobre a extração e exploração do sal, além de fazer diversas paradas para refeições deliciosas (já inclusas no pacote) em cenários incríveis, tornando a experiência única e inesquecível!
Dia 1 – Cemitério de Trens, Colchani, Museu de sal, Monumento Dakar, Salar de Uyuni
Logo pela manhã fomos até a agência indicada para dar início ao passeio. Lá nós conhecemos o nosso guia (e também motorista) e o restante do grupo com quem viajaríamos pelos próximos três dias.
Fizemos todos os preparativos, recebemos um briefing de como seria o passeio e partimos em direção ao Cemitério de Trens.
Cemitério de trens e Colchani
O cemitério de trens nada mais é do que um depósito/ferro velho de trens a céu aberto, um local repleto de máquinas e trens que deixaram de ser usados após a decadência da exploração de minérios da região.
Assim que chegamos, o guia nos explica o porque dos trens estarem lá, um pouco da sua história e nos libera para explorar o lugar.
Gastamos um bom tempo explorando tudo, subindo e entrando nas máquinas, que apesar de estarem completamente velhas e enferrujadas, dão todo um ar especial para o local.
Assim que terminamos, seguimos em direção ao vilarejo de Colchani, onde pudemos visitar o Museu de Sal. O vilarejo é bem pequeno, com diversas lojinhas onde é possível comprar artesanato e lembrancinhas esculpidas no sal. Se você é do tipo que gosta de souvenires, aqui é uma ótima opção.
Além disto, este é o último ponto de parada onde você vai encontrar um banheiro, então aproveite pois pode demorar um pouquinho até chegar no próximo ponto de parada.
Monumento Dakar e Plaza de las Banderas
Seguindo viagem, vamos em direção ao ponto mais esperado da viagem e entramos no deserto.
Fazemos uma breve parada nos Ojos de Salar, uma espécie de fonte de água que brota debaixo da grossa camada de sal. Em seguida continuamos em direção ao Monumento Dakar, construído em 2014 para celebrar o Rally Dakar que aconteceu em terras bolivianas.
Pouco tempo depois chegamos à uma base onde nos sentamos para almoçar e conversar mais com nossos companheiros de viagem.
Assim que terminamos de comer, fomos dar uma volta a pé em volta da base para ver a Plaza de las Banderas, um conjunto de bandeiras dos países que participaram do Rally Dakar.
Enquanto estávamos fazendo a digestão e tirando milhares de fotos, nosso guia já foi preparando tudo para seguirmos viagem até as regiões mais alagadas.
Salar de Uyuni
Este é o momento e o lugar onde seu queixo vai cair e você vai redefinir seus padrões sobre melhores destinos de viagem. Até hoje eu não consegui encontrar nada parecido ou que me impressionasse tanto quanto o Salar de Uyuni.
Passamos algumas horas lá tirando fotos e mais fotos intercaladas com “wows” que saíam de nossas bocas a cada 5 minutos.
O lugar é uma experiência única e que merece respeito! Nem vou me alongar muito falando, pois as fotos são autoexplicativas.
Assim que terminamos a sessão de fotos, que parecia ser infinita, fomos em direção à Villa Martin, onde encontramos o hotel de sal para passar a primeira noite.
Detalhe importante. Esta foi a viagem onde ficamos 3 dias sem tomar banho! O motivo? Para tomar banho com água quente é preciso pagar um valor extra, mas o frio é tanto que não dá nem pra pensar em tirar a roupa e se enfiar debaixo do chuveiro. Isso quando a acomodação tinha chuveiro. Então ficamos só no lenço umedecido mesmo!
Dica: Aproveite este momento para limpar seu tênis! Passe um lenço ou pano umedecido, especialmente nas solas e nos cadarços, pois o sal é tanto que pode estragar rapidamente o seu tênis! A Lidia não fez isso e o cadarço dela ficou bem ressecado a ponto de rachar.
Dia 2 – Salar de Chiguana, Mirador Volcán Ollague, Deserto de Sioli e muitas lagoas
No dia seguinte, acordamos bem cedo, tomamos café e já subimos no jipe para seguir viagem.
Visitamos diversos pontos tão incríveis quanto o Salar de Uyuni, sendo o primeiro ponto de parada o Salar de Chiguana.
Salar de Chiguana
Assim que você chega, percebe a enorme diferença entre este salar e o de Uyuni. O sal deste deserto apresenta uma coloração mais escura e aparência bem mais suja do que o anterior. Tanto que ele é considerado de baixa qualidade e bem menos explorado.
Em determinado ponto, fizemos uma parada para tirar fotos nos trilhos do trem e contemplar a enorme quantidade de vulcões que cercam a região. Inclusive, alguns deles até continuam ativos, sendo possível ver a fumaça saindo de suas bocas.
Mirador Volcán Ollague
Não muito longe do Salar de Chiguana, chegamos neste pequeno deserto formado pelas lavas dos vulcões.
De lá temos vista para um dos maiores vulcões da região, que por sinal, fica bem na divisa entre Chile e Bolívia. Mas para a nossa sorte, a vista mais bonita fica no lado boliviano. Pelo menos foi isso que o guia nos disse.
O legal é que mesmo estando no meio do deserto, as montanhas e vulcões ao redor ficam cobertas de neve causando um contraste de cores maravilhoso que você só vê aqui.
Lagunas Cañapa, Capina e Qara (Kara)
Depois de ver tanto deserto e sal, estávamos ansiosos pelo que vinha pela frente.
Não muito longe do Mirador, chegamos na primeira lagoa, a Laguna Cañapa. As águas da lagoa formam um grande espelho natural, refletindo o céu e as montanhas ao seu redor, sendo perturbadas apenas pelos flamingos que vem e vão em busca de alimento.
Atenção: É proibido o uso de drones nesta região, pois isto pode perturbar os animais, além de poder causar acidentes devido ao alto fluxo de pássaros.
Depois de ficar alguns minutos contemplando, seguimos em direção à Laguna Capina e fomos surpreendidos novamente. Apesar de ser bem semelhante à Laguna Cañapa, tudo aqui era em maior escala. A lagoa é muito maior e possui uma quantidade inacreditável de flamingos. Foi a primeira vez que vimos tantos flamingos juntos em seu habitat natural.
Para melhorar, enquanto estávamos babando com as paisagens, nosso guia já estava preparando o almoço. Alguns minutos depois estávamos todos nos deliciando com o almoço em um lugar incrível ao som da natureza. Foi incrível!
De barriga cheia, passamos por mais uma lagoa, desta vez bem menor, mas que não deixa a desejar no quesito beleza, a Laguna Q’ara ou Kara. Para deixar esta lagoa mais especial ainda, tivemos a visita de um bichinho bem típico da região, uma raposa andina. Ficamos malucos, pois era a primeira vez que vimos uma de perto.
Apesar da cor mais opaca, não dá para negar que esta lagoa merece uma parada para fotos! Raposa Andina que veio nos visitar durante o passeio.
De lá seguimos em direção ao Deserto de Sioli.
Deserto de Sioli e a Árvore de Pedra
Após dirigir por alguns minutos, chegamos ao Deserto de Sioli, uma região repleta de enormes pedras que foram literalmente cuspidas dos vulcões e acabaram caindo por lá.
É bizarro e até medonho pensar que um dia, pedras daquele tamanho saíram voando da boca de um vulcão e viajaram metros, ou até kilometros pelo ar até caírem no chão novamente. Mas o destaque mesmo fica para uma delas, que por conta do vento e erosão, ganhou um formato bastante peculiar. A Árbol de Piedra, ou em português, Árvore de Pedra.
Mas vale lembrar que por ter um formato único e ser bastante sensível, é proibido subir ou até mesmo se apoiar na Árvore de Pedra. Não só por preservação, mas também para sua própria segurança.
Se você é do tipo que gosta de desafios, há diversas rochas maiores que você pode escalar e ter uma vista bem diferente da região.
Apesar de ser possível subir, é preciso cuidado pois não há nada próximo caso ocorra algum acidente. Algumas das rochas são grandes o suficiente para subir, mas exigem uma mini escalada
Depois de curtir bastante o Deserto de Sioli, era hora de partir para o último ponto de parada do dia, a Laguna Colorada.
Laguna Colorada
Para chegar até a Laguna Colorada tivemos que adentrar a Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa, onde pagamos os 180 Bolivianos que não estavam inclusos nas taxas do passeio.
Ela possui esta coloração por conta de uma alga presente em suas águas, que a princípio, achávamos que sua cor era apenas edição de foto, mas não! Para a nossa surpresa a água é bem vermelha mesmo.
No local há um mini museu, explicando um pouco sobre a região e o comportamento dos flamingos, que por sinal, também dominam a região.
Depois de alguns minutos contemplando o local, seguimos para o nosso alojamento, o Refugio Huayllajara.
Assim como o hotel do dia anterior, este aqui também é todo moldado no sal e sem grandes luxos. Inclusive, aqui eles possuem um horário específico para ligar e desligar a energia, então esteja preparado para carregar suas baterias e gadgets!
Dica: Se você é uma pessoa que gosta de fotografar estrelas, esta é uma ótima oportunidade, pois o alojamento fica literalmente no meio do nada. Como não há luzes ao redor, o ambiente é perfeito para tirar foto dos astros!
Dia 3 – Geyser Sol de La mañana, Termas de Polques, Deserto Salvador Dalí, Laguna Verde, Laguna Blanca
O terceiro dia começa ainda de madrugada, pois iríamos visitar o Geyser Sol de la Mañana.
O lugar fica a quase 1 hora de distância do refúgio, então tivemos que sair do alojamento por volta das 4 da manhã para ver o geyser em funcionamento.
Geyser Sol de la Mañana
Mas porque ir tão cedo?
Na verdade, o geyser está em constante atividade, mas para ver as colunas de fumaça, é preciso entender como eles funcionam.
Este processo acontece por conta da alta temperatura dos campos geotérmicos, que aquecem a água subterrânea e expelem seu vapor em alta pressão através de buracos no chão. Por conta do choque térmico, o vapor se condensa e aparece em forma de fumaça branca.
Então para que você possa ver toda aquela fumaça ser expelida a até 50 metros de altura, é preciso ir quando a temperatura ainda está muito baixa, antes mesmo do sol raiar.
Boca principal do geyser pode lançar suas fumaças a até
50 metros de alturaAcordar cedo tem suas vantagens!
Apesar do frio e sacrifício de termos que madrugar para poder ver as coisas acontecerem, o passeio é bem interessante! Especialmente para nós que não temos nada parecido no Brasil.
Após tirar inúmeras fotos e passar muito frio, seguimos para a próxima atração.
Termas de Polques
Chegamos às Termas de Polques 40 minutos depois e ficamos empolgados com a ideia de pular numa piscina termal em pleno deserto e frio de 5 graus.
Pagamos a taxa de 8 bolivianos e assim que nos trocamos, fomos correndo (com sunga e biquíni) para pular na água. As águas tem temperaturas que ficam em torno dos 30 a 35ºC, o que foi ótimo para espantar o frio e “tomar banho”, com muitas aspas! Afinal, já estávamos a 3 dias sem tomar banho e entrar na água quente já deu um alívio sem fim.
Depois de passar alguns minutos cozinhando, foi a hora de criar coragem e enfrentar o frio novamente. Mas para nosso espanto, não sentimos frio algum! A temperatura do corpo estava tão alta que deu tempo de se secar, colocar a roupa com tranquilidade sem sentir um pingo de frio.
Deserto Salvador Dalí e as duas últimas lagoas
De “banho tomado” fomos em direção às duas últimas atrações, a Laguna Verde e Laguna Branca, ambas localizadas bem próximas da fronteira com o Chile, nosso destino final.
Passamos pelo deserto Salvador Dalí, mas sem paradas. O deserto é bem contemplativo, com algumas montanhas coloridas pelos minérios.
Pouco tempo depois, chegamos à Laguna Verde, ao pé do vulcão Licancabur, um vulcão que assim como o Ollague, é dividido entre os territórios chileno e boliviano.
Teoricamente suas águas apresentam uma coloração bastante esverdeada, mas tudo vai depender das condições climáticas e geográficas. No dia que fomos ela parecia bem normal e sem o verde, o que acabou sendo meio decepcionante.
Após alguns minutos, retornamos ao carro e passamos rapidamente pela Laguna Branca, que estava com diversos pontos congelados, o que foi bem impressionante, pois nunca havíamos visto uma lagoa congelada.
Por fim, fomos em direção à fronteira, onde tivemos que apresentar os papéis declarando saída do país antes de irmos até o controle de bordas chileno.
O terceiro dia é bem mais curto e com menos atrações, pelo menos para nós que iríamos seguir viagem até o Chile. Para quem optar por fazer o percurso de ida e volta, o passeio ainda se estende por mais um dia fazendo toda a viagem de volta até Uyuni, o que pode incluir uma visita noturna ao Salar de Uyuni.
O que levar para o tour no Salar de Uyuni
Agora aqui vai um checklist para você levar na sua viagem:
- 5 litros de água por pessoa
- Um conjunto de roupas coloridas e que você não tenha muito apego para tirar fotos no deserto de sal
- Lenço umedecido
- Protetor solar e protetor labial (peque pelo exagero)
- Papel higiênico
- Roupas de frio para aguentar a noite, um set de calça e blusa fleeces foram o suficientes pra nós
- Gorro e luva
- Colírio, pois os olhos ressecam bastante no deserto
- Jaqueta corta-vento, especialmente se você for uma pessoa friorenta
- Óculos de sol
- Chapéu
- Snacks para caso a fome apertar
- Powerbank, há dias em que não haverá possibilidade de carregar seu celular!
Como fazer este tour
Se você gostou deste roteiro, ele foi feito com a Fui Gostei Trips. Posso dizer que os indico de olhos fechados, pois foram super atenciosos desde o primeiro contato no Brasil até o final da nossa viagem, que acabou lá no Deserto do Atacama.
O legal é que eles possuem uma grande cartela de passeios que são operados por diversas agências parceiras locais, é como se eles fossem um HUB de agências, vale a pena conferir!
Além disso, recomendamos muito que você use uma mochila ao invés de mala, vai facilitar bastante a sua vida! Lembre-se que você vai dividir o carro com mais 6 pessoas!
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