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Se você é do tipo de pessoa que curte desafios e aventuras, então você precisa conhecer o Pico das Agulhas Negras. Mas porque Agulhas Negras? Ele recebeu este nome por conta de sua formação geológica, que quando vista de longe, suas canaletas lembram várias agulhas enfileiradas uma ao lado da outra. Localizado na cidade de Itatiaia no Rio de Janeiro, ele está na 6ª posição dentre os picos mais altos do Brasil, atingindo a impressionante marca de 2.791 metros de altitude!
O pico fica dentro do Parque Nacional de Itatiaia (PNI) que abriga além desta, diversas outras atividades distribuídas em duas partes. Em resumo, na Parte Alta ficam os cumes e atrações consideradas de nível moderado à pesado e na Parte Baixa ficam as cachoeiras, centro turístico e outras atividades mais leves.
Ainda sobre a localização, o interessante é que para chegar à entrada do parque você vai cruzar a fronteira de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais em questão de minutos!
Onde se hospedar
A resposta para esta pergunta pode parecer bem óbvia, no entanto, na minha opinião a resposta não é Itatiaia. Para mim o ideal é se hospedar em Penedo, que é um bairro mais afastado de Itatiaia, mas muito gostoso para descansar entre uma atividade e outra, além de possuir uma gastronomia maravilhosa!
Com relação à localização, Penedo está situado entre Itatiaia, Resende e Visconde de Mauá, deixando-o próximo de outras atrações que você vai encontrar na região além do PNI. Mas como o foco aqui é falar somente sobre o Agulhas Negras, você pode conferir neste outro post as melhores coisas para fazer em Penedo e região.
Quer algumas sugestões de hospedagem? Nós fomos duas vezes e adoramos a escolha que fizemos em ambas. Na primeira ficamos na Pousada Viking Penedo que fica muito próxima do centro da cidade e com um café da manhã maravilhoso! Além disso, a dona da pousada foi muito atenciosa conosco e sempre nos perguntava se queríamos outras coisas além do que estava posto na mesa.
Já na segunda vez, ficamos em uma casa que alugamos pelo AirBnb. A casa ficava um pouco mais longe do centro (não dava para ir a pé), mas nada que se tornasse um problema real. Assim como a pousada, ficamos em um lugar incrível, com direito a piscina e churrasqueira para aquele dia que não havia nada programado e só queríamos dar um relax entre uma trilha e outra.
Chegando no Parque Nacional de Itatiaia
Ok! Agora já estabelecidos, seja em Itatiaia ou Penedo, é hora de iniciar as atividades!
Em primeiro lugar, tudo começa cedo, muito cedo! Isso é necessário para garantir que você vai conseguir fazer a trilha que leva ao Pico, mas não porque ela é demorada e complexa, mas sim porque o parque impõe um limite de 80 pessoas por dia para fazer a trilha, e acreditem, as senhas esgotam muito rápido.
Saímos de Penedo por volta das 2:30 da manhã para chegar às 4:30 na portaria do parque e mesmo assim já haviam cerca de 4 ou 5 carros na nossa frente esperando. Então ficamos dormindo o resto da noite dentro do carro até que a portaria abrisse às 7 horas e começassem a distribuição das senhas.
Uma observação rápida aqui. Lembrem-se de levar blusas e se quiserem até um cobertor, pois a temperatura chega próxima de 0°C a esta hora. Nesse meio tempo, quem estiver disposto, pode até sair do carro para observar o céu que estará completamente estrelado!
Finalmente, lá pelas 6:30 – 6:45 fomos acordados pelo pessoal da portaria perguntando quantas pessoas estavam no nosso grupo. Para nossa surpresa, quando pegamos as senhas, o número já estava na casa dos 20, o que significa que os carros da frente estavam bem cheios.
Já acordados, aproveitamos para comer um dos lanches que deixamos preparados na noite anterior, porque ninguém merece fazer trilha de barriga vazia! Se você tiver uma garrafa térmica, é válido levá-la com chá/café pronto para dar uma aquecida.
Logo em seguida, nosso guia chegou e quando deu 7 horas ele já foi até a portaria para registrar o nosso grupo, reservando nossa vaga para a trilha. Posteriormente, fomos chamados e preenchemos toda a papelada com nossos dados e contatos de emergência.
Na portaria existe um banheiro onde é possível se trocar e fazer suas necessidades se vier ao acaso.
Iniciando a trilha
Finalizados todos os processos, é hora de dar início à trilha! Como a diferença de altitude é algo que influencia demais na subida, o nosso guia nos deu a opção de ir caminhando da portaria até o Abrigo Rebouças, que é onde a trilha realmente começa. São 2,6km de caminhada em terreno plano que fizeram toda a diferença para ir aquecendo o corpo e se adaptar à altitude. Só vale lembrar que nem todos vão conseguir ir andando, afinal alguém tem que levar o carro.
A partir do Abrigo Rebouças vamos caminhando por terreno plano, com baixíssima dificuldade e baixo ganho de altitude por aproximadamente 2km até a base da montanha (praticamente 1 hora e pouco). Neste ponto já estamos a mais ou menos 2.450m de altitude. Durante o caminho, aproveite para visualizar a região ao redor e contemplar toda sua grandiosidade. Em alguns pontos é possível observar que estamos acima do nível das nuvens e também ver outros picos como o das Prateleiras.
Pouco antes do início da subida, encontramos o último ponto onde é possível encontrar água potável. Ou seja, caso suas garrafas já estejam com um nível baixo, aconselho reabastecer! Falo mais sobre como fazer isso com segurança lá no final do post.
Subindo a montanha
A partir deste ponto será necessário o uso de cordas e equipamentos de segurança para continuar, sem eles é impossível passar por determinados pontos. Em um deles, por exemplo, será preciso subir uma parede que é praticamente vertical e acho que ninguém aqui é o homem-aranha né?
A subida é feita de forma gradativa, com diversas pausas para descanso e adaptação à mudança de altitude. Então aproveite estes momentos para beber uma água, observar tudo ao redor e tirar fotos!
Em alguns pontos você estará literalmente à beira do abismo, sendo novamente necessário o uso das cordas, adicionando um pouco mais de adrenalina ao passeio.
Apesar de todas as coisas que você têm para olhar e prestar atenção à sua frente, não deixe de olhar para trás! Conforme você sobe, o alcance da visão aumenta e a paisagem fica cada vez mais bonita.
Após 1 hora e meia de escaladas e subidas estamos praticamente no ponto mais alto!
Chegando ao Pico das Agulhas Negras
Antes de fazer a investida final para chegar ao topo da montanha, tivemos que fazer uma parada para descanso e também por questões de segurança, pois foi preciso esperar um grupo descer para não ficar muita gente ao mesmo tempo lá em cima.
Conforme chegou a hora da subida final, foi necessário saltar por cima de um abismo para chegar à parte da montanha que leva ao pico. Passado este desafio, o resto da caminhada é mais rápido e curto nos levando direto para os 2.791 metros de altitude.
Chegando lá em cima você esquece toda a dor e cansaço e só vem a alegria de ter conseguido finalizar o percurso! Caso queira, ainda existe a opção de avançar um pouco mais para assinar um livro de registro que fica lá no topo e gravar o seu feito!
O problema é que para fazer isso é necessário realizar um salto entre dois pontos da montanha e isso exige um certo tempo, pois o guia precisa ir até o outro lado para te dar o auxílio correto para realizar o pulo. Como já estávamos com o tempo apertado, tivemos que abortar a missão e não pudemos assinar, mas isso não diminuiu em nada a nossa experiência!
Durante o tempo que passamos no topo descansando, aproveitamos para tirar fotos e comer um lanchinho que levamos na mala antes de iniciar a descida.
A trilha da volta
Antes de mais nada, a volta não pode demorar para começar, pois dependendo do ritmo do seu grupo, a descida até o Abrigo Rebouças pode levar cerca de 3 horas e fazer isso no escuro não é algo aconselhável.
Por fim, ao chegar na base da montanha, olhe para trás e veja a montanha ganhar novas e lindas cores por conta do pôr do sol. Ela vai passar de cinza para amarela e por fim ganhar um lindo laranja nos “momentos finais” do sol.
O que levar para a trilha das Agulhas Negras
Aqui vou listar umas coisas que você não pode esquecer de levar e que são de extrema importância para sua experiência ser tão boa e agradável quanto a nossa!
- 2 litros de água por pessoa. Se possível, leve um camelback.
- 2 lanches, 1 para comer antes da subida, outro para comer no topo da montanha.
- Snacks leves caso a fome bata muito forte durante a subida.
- Protetor solar, pois a trilha é feita à céu aberto e não existe sombra para se proteger.
- Bonés e chapéus ajudam, mas tenha em mente que eles devem estar muito bem presos na cabeça por conta do vento.
- Jaqueta corta vento.
- Óculos de sol.
- Câmera/celular.
- Lanterna. Apesar de não fazer a trilha a noite, nunca se sabe quando vai precisar de uma!
- Uma mochila pequena/média, mas confortável.
- Muita força de vontade!
Guias
Antes que você já saia correndo para Itatiaia, lembre-se que para realizar a subida é obrigatória a contratação de um guia, com excessão se você for experiente em montanhismo e possuir todos os equipamentos de segurança e escalada necessários para execução da subida. Conforme eu já disse lá atrás, em determinados pontos da trilha será necessário realizar escaladas ou passagens com o auxílio de cordas e equipamentos de segurança. Lembrando a vocês que todos os equipamentos devem ser apresentados na entrada do parque.
Para contratar um guia você pode escolher um através da lista de guias que é disponibilizada no site oficial do parque. Basta entrar em contato com um deles e agendar o seu grupo!
Quando fomos, o nosso guia foi o Tarcisio do Arte da Escalada, que apesar de não estar na lista de guias do parque é bombeiro, o que acaba sendo um extra. Vocês sabem né? Acidentes, resgate, bombeiro, tem tudo a ver.
Muito bem humorado, ele conduziu o nosso grupo com profissionalismo e segurança. Vale destacar ainda, que a maioria das pessoas que estavam no nosso grupo tinham zero experiência em montanhas, mas graças a boa condução e trabalho do guia, todos conseguiram atingir o objetivo final.
Segue o contato dele! Vale inclusive dizer que ele faz outros passeios além do Agulhas Negras.
Nome: Tarcisio
Telefone/Whatsapp: (24) 97401-0247
Sobre valores: Fomos em 2018 com um grupo de 9 pessoas e fechamos com ele por R$120,00 por pessoa, com pagamento de 50% antes da viagem e 50% depois de finalizar o passeio.
Sobre o Parque Nacional de Itatiaia
Como dito anteriormente, o parque é dividido em duas partes, a Alta e a Baixa. Portanto, cada uma possui uma portaria e horários de funcionamento diferentes.
Lembre-se que o Agulhas Negras fica na parte alta.
Horário de funcionamento:
Parte Alta:
- Todos os dias das 07:00 às 17:00. A entrada será permitida até no máximo 14:00 e todos devem sair do parque até as 17:00.
Parte Baixa:
- Todos os dias das 08:00 às 17:00, sendo que em algumas cachoeiras a permanência máxima é até às 16:00.
Valor do ingresso:
Os valores de ingresso são os mesmos, independente de qual parte você vai visitar.
- Brasileiros: R$18,00
- Residentes do entorno: R$4,00
- Menores de 12 anos e acima de 60 anos: Gratuito
- Camping: R$40,00 para até 3 pessoas
- Abrigo coletivo: R$33,00
Estacionamento:
- Carros: R$16,00
- Motos: R$10,00
Como chegar:
Parte alta:
Para chegar à entrada da Parte Alta, é preciso pegar 14km de estrada de terra, então leve isso em consideração quando estiver planejando a sua subida!
Parte Baixa:
A entrada da Parte Baixa é bem próxima do centro de Itatiaia não sendo necessário pegar estradas de terra.
Melhor época para subir o Pico das Agulhas Negras
Sem dúvida alguma, no Inverno, entre o final de Junho até meados de Setembro, pois o risco de chuvas é baixíssimo. Ainda assim, é preciso fazer um bom planejamento por conta desta época também ser considerada a alta temporada para realização das trilhas.
A primeira vez que tentamos subir o Agulhas Negras foi em Novembro e definitivamente não foi uma boa idéia. Chegamos no parque e só choveu. Por conta disso, nem pudemos tentar subir o Agulhas, então acabamos subindo o Morro do Couto, um outro pico que fica no parque, porém de dificuldade menor. Mas ao chegar no topo, não conseguimos ver nada em volta por conta da neblina.
Para quem tem pavor de sapos, no período de chuvas, entre Novembro a Março, é a época de reprodução do sapo flamenguinho. Um sapinho pequeno de cor vermelho e preto, símbolo do Parque Nacional, que vai estar presente durante toda a caminhada e exige um cuidado extra de quem estiver trilhando, pois dado o seu tamanho, é muito fácil sair esmagando e matando os bichinhos.
Dicas a lo Pobre
Agora é hora daquela dica marota que nós sempre (ou quase sempre) damos aqui no blog.
- Vista-se adequadamente:
- Use roupas em camadas. O ideal é utilizar uma blusa do tipo “segunda pele”, pois ela vai manter a temperatura do seu corpo e depois vestir as demais camadas.
- Roupas leves! Nada daquele casacão pesado. Mesmo que você tire, carregar ele na mochila por todo o percurso vai se tornar um problema.
- Evite roupas que “travam” seus movimentos, jeans por exemplo, já que subir uma montanha exige muito da sua flexibilidade e agilidade.
- Não exagere no peso da sua mochila! Afinal, ninguém vai querer carregá-la por você.
- Mantenha-se hidratado! Não espere ter sede para tomar grandes goladas de água, pelo contrário, vá bebendo de pouco em pouco.
- Caso sua água acabe durante a trilha, e você não esteja confiante em beber diretamente das fontes naturais, o ideal é sempre ter um produto chamado clorin. Uma pastilha que você joga na água para purificar e torná-la potável. Basta adicionar uma pastilha para cada litro de água, deixar fazer efeito por 30 minutos e pronto! Sua água está pronta para beber. Mas é óbvio que não adianta nada se a água estiver poluída ou água do mar por exemplo.
- Aproveite cada momento e curta essa aventura!
Finalmente, agora que você já sabe como fazer a trilha, é só preparar as malas e ir correndo lá pra fila! Espero ter te ajudado a realizar esta conquista! Tem alguma dica pra ajudar a enfrentar estes desafios? Conta aqui pra mim!
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